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1-     Vieira inicia a exposição com uma pergunta retórica: “Enfim, que havemos de pregar hoje aos peixes?, de seguida, indica a estrutura do Sermão

“dividirei, peixes, o vosso Sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas atitudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios”


(O resto do capítulo é abordado por Vieira com as virtudes gerais dos peixes).

2-     Exposição - Capítulo II

São criticados os homens por analogia com os peixes. Vieira deixa bem claro que este sermão é uma alegoria, referindo-se frequentemente aos homens. Os peixes ora são, metaforicamente, os índios ora os colonos. Neste capítulo, o pregador pretende repreender os vícios dos homens, opostos às virtudes dos peixes.      

Demonstra as afirmações que faz tirando partido do contraste entre o bem e o mal, referindo palavras de: S. Basílio, Cristo, Moisés, Aristóteles e de St. Ambrósio, todas relativas aos louvores dos peixes. Confirma-as com vários exemplos: o dilúvio, o de Santo António, o de Jonas e o dos animais que se domesticam.

 

                                                 Louvor das virtudes, em geral                                                

                     dependem sobretudo de Deus                     naturais

os primeiros na ordem da criação.          • não se domam

são os mais numerosos e os maiores.      • não se deixam domesticar 

                                                  • obediência, quietação, atenção,                                                           

 respeito e devoção com que ouviram a pregação de Santo António                                                                                                      

3-  citações

- “ouvem e não falam”;

- “vós fostes os primeiros que Deus criou”;

- “e nas provisões [...] os primeiros nomeados foram os peixes”;

- “entre todos os animais do mundo, os peixes são os mais e os maiores”;

- “aquela obediência, com que chamados acudistes todos pela honra de vosso Criador e Senhor”;

- “aquela ordem, quietação e atenção com que ouvistes a palavra de Deus da boca do seu servo António. [...] Os homens perseguindo a António [...] e no mesmo tempo os peixes [...] acudindo a sua voz, atentos e suspensos às suas palavras, escutando com silêncio [...] o que não entendiam."

- “só eles entre todos os animais se não domam nem domesticam”

                                             Animais

 que se domesticam                    e                 vivem presos

   terrestres                                                                     aves

cão, cavalo, boi, bugio, leões, tigres,         papagaio, rouxinol, açor, aves de rapina

Os peixes não foram castigados por Deus no dilúvio, sendo exemplo para os homens que pouco ouvem e falam muito, pouco respeito têm pela palavra de Deus.

Os animais que convivem com os homens foram castigados, estão domados e domesticados, sem liberdade.

Recursos estilísticos

        Antítese Céu/lnferno, que retoma semanticamente a antítese bem/mal, liga-se à divisão do Sermão em duas partes, anunciada no Exórdio

      Apóstrofe(vocativo) apelo direto ao destinatário da mensagem e do pregador, aproximando os dois pólos da comunicação: emissor e recetor.

     Interrogação retórica como meio de convencer os ouvintes, captando a sua atenção/assegurar a progressão temática .  

         Gradação crescente e enumeração dos animais que vivem próximos dos homens mas presos.

         Comparação, "como peixes na água", de caráter proverbial - viver livremente.

 

4-     Capítulo III – Louvor das virtudes dos peixes, em particular

Vieira continua a elogiar os peixes, mas agora os louvores aos peixes são individualizados, visam peixes em particular.

O Santo Peixe de Tobias – episódio bíblico

- peixe grande em tamanho,

entranhas: o fel cura a cegueira; o coração expulsa os demónios

 («o fel era bom para curar da cegueira», «o coração para lançar fora os demónios» );

- representa as virtudes interiores;

- a bondade e o poder purificador da palavra de Deus.

O exemplo de Santo António