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Mudam-se os tempos...


Inspira-se na estética do renascimento italiano, enquanto um soneto mas também pelo tema.
O tema deste soneto é a mudança provocada pela passagem do tempo.
O sujeito poético constata as mudanças do tempo, que se verificam nas pessoas, dos seus valores e ideais. Nada parece escapar à erosão do tempo. Assim, o poeta refere: "do mal ficam as mágoas não lembrança, / e só bem (se algum houve) as saudades..", o que significa que aquilo que prevalece são os momentos mais negativos da vida, pois o tempo levou a esperança.
Ao longo do poema, há sete formas verbais do verbo mudar, intensificadas com vocábulos " novas" e "novidades", pretendendo reforçar o tema, a mudança.
Primeira estrofe: a enumeração e a anáfora permitem uma generalização da mudança - na terceira pessoa.
Segunda estrofe: o sujeito poético recorre agora à primeira pessoa do plural - «vemos», revelando maior proximidade com a reflexão que apresenta. Utiliza a antítese para expressar a ideia de mudança - mal/bem: o primeiro permanece na memória; o segundo talvez nem tenha existido ou, a ter existido, já só deixou «as saudades».
Terceira estrofe: o poeta começa refere-se à mudança cíclica da natureza. Depois do inverno "neve fria" vem a primavera "verde manto" repor a alegria. Contudo, essa mudança nele não acontece. Tudo muda, sim, mas para pior.
Última estrofe: o sujeito lírico conclui que até a própria mudança muda. Para além das figuras já referidas, há a considerar a metáfora -que associada à antÍtese -de primavera verde manto e o pleonasmo neve fria, exprime a mágoa do sujeito lírico, vítima de mudanças sempre negativas.