1- Fase decadentista:
- O horror do real, inadaptação â vida;
- Busca de novas sensações(exotismo, paraísos artificiais);
- Tédio, cansaço.
2- Fase futurista/sensacionista – Vanguarda
Influências de Marinetti ( futurismo ) e de Whitman (sensacionismo).
Marinetti – rutura com o passado; exaltação do Homem Novo amoral , dominador , completamente livre.
Whitman – procura da totalização de todas as possibilidades dadas pelas sensações independentemente do tempo e do espaço; tentativa de integrar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir .
" É, fundamentalmente, Whitman o grande inspirador do Álvaro de Campos da 2ªfase , aquele que realizou a intenção inicial de Pessoa – a criação de um poeta da vertigem das sensações modernas, da volúpia da imaginação, da energia explosiva.
Álvaro de Campos canta ora a hipertrofia de uma personalidade que tudo integra em si “.Sou eu um universo presente em carne e osso”, ora a volúpia de ser objecto, a febre de estar disperso nas máquinas, na humanidade , no mundo a ponto de se tornar “ um monte confuso de forças ; …” um eu universo disperso nas coisas mais díspares “.
Influenciado pelo futurismo / sensacionismo, Campos adoptou o verso livre , um estilo torrencial, espraiado em longos versos, anafórico , exclamativo, interjectivo, com apóstrofes, enumerações etc."
Jacinto do Prado Coelho
O Futurismo - vertente do Modernismo, introduzido em 1909 por Filippo Marinetti, com o “Manifesto Futurista”.
Princípios fundamentais do Futurismo
(ideologia, conteúdo)
- Rutura com a tradição;
- Apologia da velocidade, da energia e da força, da guerra;
- Exaltação do mundo moderno; do progresso, da técnica, da máquina;
- Radicalização do conceito de arte, original, sem mimetismo: destruição dos conceitos de beleza e harmonia.
- O conceito de belo cede lugar ao de força;
- Glorificação do instante.
(forma)-
- Abolição do adjetivo, do verbo e conectores;
- Utilização de frases nominais;
- Verbos no infinitivo;
- Onomatopeias
...
MANIFESTO FUTURISTA (Publicado em 20 de Fevereiro de 1909, no “Le Figaro”)
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos glorificar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem.
8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!… Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade omnipotente.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés multicores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas lutas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão entusiasta.
Almada Negreiros, Álvaro de Campos
Manifesto Anti-Dantas Ultimatum Manifesto Futurista
Sensacionismo
“Filho indisciplinado da sensação”. Considera a sensação a realidade da vida:sentir é tudo, por isso pretende sentir tudo de todas as maneiras. Procura o excesso violento de sensações.
Dispersão- Deseja dispersar-se no exterior. Busca a totalização das sensações conforme as sente. Assimilação- Procura integrar em si e unificar tudo o que tem ou teve existência ou possibilidade de existir.
3- Fase intimista, abúlica
Depois da experiência das sensações vertiginosas, Campos cai novamente no abatimento. Esta é a fase do vazio, da frustração, da angústia existencial. Afinal, de nada serviu o sensacionismo.
«A partir de 1916 , Campos é o poeta do abatimento , da angústia , do desencanto de si e dos outros. Este Campos decaído , doente da alma , cansado , é irmão de Pessoa ortónimo no ceticismo , na dor de pensar. O seu desejo de sentir tudo de todas as maneiras, a exaltação da energia até ao paroxismo pode ter sido uma tentativa de vencer o tédio e iludir o absurdo “ O que há em mim é sobretudo cansaço- /Não disto nem daquilo/ Nem sequer de tudo ou de nada :/ Cansaço assim mesmo, ele mesmo, / Cansaço.”; “ Esta angústia que trago há séculos em mim, /Transbordou da vasilha,/ Em lágrimas,em grandes imaginações,…./ Transbordou./ Não sei como conduzir-me na vida / Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!”».