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 A obra Frei Luís de Sousa é tragédia e drama; tragédia pelo conteúdo, drama pela forma. 

Elementos trágicos e dramáticos  

I Tragédia: 

1-Personagens – número reduzido e nobres 

2- Coro – Frei Jorge e Telmo  

3- Fatalidade, fatum ( o Destino persegue as personagens- Madalena )  

Presságios, agouros – ( predestinação ) por parte de Maria e de Telmo, sobretudo. 

4- Estrutura interna da ação 

a. Elementos característcos do desenvolvimento da ação, da hybris à catástrofe (ver aula) b. Efeitos catárticos – piedade e terror 

II Drama: 

a. A peça é escrita em prosa. Apresenta um fundo histórico (assunto, personagens, época). 

b. Espaço: 

O espaço vai-se reduzindo. Há uma certa concentração (África, Portugal: Lisboa, Almada,  Palácio MSC, Palácio de D. João, sala dos retratos, capela). 

c. Tempo: 

O tempo vai-se reduzindo também, fechando-se dramaticamente em unidades cada vez mais  curtas. 

1578 – Madalena casa com D. João. Madalena conhece M. de Sousa. 

1578 e 1585 – Madalena procura assegurar-se da morte de D. João 

1585... – Madalena casa com M. de Sousa. 

1598 a 1599 ( 1 ano ) – D. João é libertado, dirige-se para Portugal. 

28 de julho a 4 de Agosto ( 8 dias ) – Madalena no palácio de D. João de Portugal. 4 de Agosto ( hoje ) – dia fatal para D. Madalena. 

d. Estrutura externa da obra : 

3 atos escritos em prosa: 

1º ato - Do início até ao incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho. 2º ato – Até à chegada do Romeiro 

3º ato – Até à morte de Maria 

III Personagens: 

Manuel de Sousa Coutinho – Segundo marido de madalena; pai de Maria; teme que D. João  possa regressar ( ideia inconfessada ); que a saúde débil de sua filha progrida para uma doença  grave ; decidido, patriota ( incendeia o seu palácio que iria ser ocupado pelos governadores  espanhóis; sofre, sente remorsos ao pensar na cruel situação em que ficará Maria; Amor 

paternal. 

D . João de Portugal – Casado com D. Madalena, desaparecido na batalha de Alcácer Quibir;  austero; íntegro e angustiado (só), no desenlace. 

Quando lhe perguntam quem é, D. João responde espontaneamente"ninguém": sem Pátria,  sem família, sem lugar na sociedade, sem casa- não tinha o seu palácio . 

D. Madalena – suposta viúva de D. João de Portugal; casa com Manuel de S. Coutinho; nasce  Maria, filha de Manuel; Angustia em relação à situação insegura do seu casamento; remorso  por ter amado Manuel de S. enquanto ainda casada com D . João; Inquietação em relação a  

Manuel de Sousa e a Maria; Insegurança e hesitação; sofre e sofrerá sempre, porque a dúvida  a persegue-personagem de perfil romântico. 

Maria de Noronha – Filha de D. Madalena e MSC; amor filial, tem curiosidade invulgar;  sonho, fantasia; idealista, sebastianista por influência de Telmo, adivinhava " lia nos olhos e  nas estrelas " ; sempre febril, cresceu de repente, precoce, intuitiva e inteligente; revela gosto  pela aventura, é frágil, patriota; vítima da fatalidade; infâme e ilegítima ( desenlace romântico)- personagem de perfil romântico (anjo). 

Telmo Pais – escudeiro de família dos condes Vimioso, sofre pelo regresso de D. João que  implica a ilegitimidade da sua " menina " ; sofre porque é forçado a ver o seu velho amo como  um intruso que nunca deveria ter regressado. Por amor a Maria, dispõe-se a declarar o  Romeiro como um impostor; confidente das personagens femininas; o coro da tragédia; fiel e  leal a D. João , supersticioso, sebastianista, humilde e de grande sabedoria. 

IV A crença sebástica: 

O mito do sebastianismo está espalhado por toda a obra. Logo no início, Madalena afirma a  Telmo "..mas as tuas palavras misteriosas, as tuas alusões frequentes a esse desgraçado rei de  D. Sebastião, que o seu mais desgraçado povo ainda quis acreditasse que morresse, por quem  ainda espera em sua leal incredulidade ! " 

O sebastianismo, tal como é representado em Frei Luís de Sousa, por Telmo e Maria, consiste na crença segundo a qual o rei D. Sebastião voltará para conduzir a pátria a uma época  mundial de grandeza, no plano de salvação dos Homens. 

clima trágico 

O coro atua como um trovão ao ímpeto libertário do indivíduo aconselhado a moderação, o  comedimento, a serena contenção, e traduz as ideias e os sentimentos da mediania humana.  Os acontecimentos desenrolam-se segundo personagens e os logros do destino- o fatum;  encadeiam-se uns nos outro s e, por vezes, precipitam a ação no seu curso através de  peripécias , que acabam por conferir um rumo inesperado. Esta mudança brusca é muitas  vezes levada a cabo por um reconhecimento ( agnórise ) de laços parentescos até então insuspeitos. 

As consequências patéticas, avolumam-se num crescendo inquietante ( climax ), até se  resolver numa reviravolta brusca e brutal dos acontecimentos – a catástrofe.